quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Finanças Pessoais: por que é tão difícil ter?

Por que o brasileiro ainda se endivida tanto?

É conhecimento popular que o brasileiro gasta mais do que ganha.
Planejamento financeiro, seja para jovens solteiros ou casados ou o tradicional "planejamento familiar", é algo estranho para a realidade de várias pessoas neste país.
Possuir uma planilha, um bloco de notas ou até um caderninho com notas financeiras já é algo raro de se encontrar.

Por que isto ocorre ainda?
O endividamento familiar chegou a 46,30% neste ano, sendo o maior registro desde a criação e o acompanhamento do dado em 2005.

As soluções nós já conhecemos.
Separar 10% da renda mensal para poupança, cortar despesas "fúteis" em tempos difíceis, orçar todos os gastos do ano ou semestre que está por vir, não comprometer muito a renda com despesas fixas e, caso tenha adquirido uma boa reserva, procurar outros investimentos mais rentáveis para o seu dinheiro.

Mas onde reside o problema?
Para nós, vem da falta de educação e da cultura.

Sobre o primeiro ponto, a educação financeira tem sido tema-destaque da área nesta década, principalmente com a facilidade de propagação de conteúdo via internet. Vários blogs, sites, colunas e vídeos são feitos visando auxiliar não só investidores, mas o "trabalhador comum" a se planejar melhor.

Porém, ainda não é algo da base. Geralmente, a pessoa deve procurar o conteúdo enquanto este deveria ir até ele. E a procura ocorre quando a coisa já ficou feia ou está para ficar.
Nas escolas não é ensinado nada relativo ao tema, uma pena. Em casa, a criança não aprenderá muito bem. Talvez estimule-se a aprender pesquisando na internet após as reclamações constantes do pai ou da mãe. Fato é que se as crianças fossem educadas mais fortemente em relação às finanças pessoais, não somente através de iniciativas isoladas, poderiam se planejar na melhor fase financeira: quando está trabalhando e morando com os pais. Esta fase permite um acúmulo de capital enorme para comprar o primeiro carro ou a casa, financiar cursos de línguas ou profissionalizantes e desenvolver projetos. Porém, isto pouco ocorre. Aí o jovem já começa altamente endividado para financiar seus próprios bens.

A segunda parte é mais complicada, mas que pode ser alterada a partir da primeira.
Analisemos antes, os americanos. Por que boa parte da população consegue se planejar bem?
Bem, não há muitos serviços e garantias públicos(as) nos EUA.
Assim, o plano de saúde, a aposentadoria, a universidade caríssima dos filhos e os cursos profissionalizantes são projetados pelos famílias de alta classe até as mais carentes. Tudo para inteligentemente antecipar os altíssimos gastos futuros em pequenos depósitos de poupança mensal por longo prazo.

Aqui, no Brasil, não enfrentamos esses dilemas. 
Temos sistema de saúde público (ainda que de qualidade contestável), universidades públicas e plano de aposentadoria que, infelizmente, agrada muitos brasileiros ainda.
Este conjunto de fatores fez com que o brasileiro nunca pensasse cuidadosamente em uma previdência privada, por exemplo. As facilidades fornecidas pelo governo federal para financiar uma casa também faz com que os brasileiros tentem economizar os 10% do imóvel e pagar o restante em 30 anos.
Isto também explica nossa baixa aceitação por comprar ações ou até mesmo investir em títulos públicos. A cultura de que ações são muito arriscadas e títulos públicos são complicados demais faz do brasileiro classe média-baixa um péssimo investidor por restringir-se a velha poupança.

O segundo ponto não pode ser aperfeiçoado no curto prazo, pois dependeria de causar uma necessidade na população de criar reservas. Medidas como privatizar universidades, extinguir o SUS ou piorar a situação da previdência (não sei como).

Então, eduquemos o povo sobre o assunto. Porém, focada nas crianças e adolescentes de todos os cantos do país. Visar prepará-los para quando tocarem no primeiro dinheiro que podem chamar de seu, começarem certo.






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