domingo, 2 de agosto de 2015

Capitalismo consciente é a solução?

Muitos dizem que o problema não é o capitalismo. A argumentação vem dos liberais que enxergam nesse sistema uma justiça natural concebida pelo livre mercado.

Vejamos um outro ponto, em que até os liberais de renome como Milton Friedman concordam, toda multinacional só é criada e mantida por intervenção governamental. O poder de algumas empresas advém da falta de isonomia nas condições de mercado, ou seja, dos privilégios com relação a impostos e burocracia fornecidas a umas e não a outras.

Aí entramos na condição em que o capitalismo é justo, segundo definição. Ele promove riqueza e justiça social somente sobre um contexto liberal. Dentro de um modelo intervencionista nem os capitalistas natos aprovam o sistema. Nesse caso há o acúmulo de riquezas e a restrição da liberdade individual, princípio-mor que rege as demais filosofias dos adeptos ao capitalismo puro.

Uma vertente tem ganhado destaque e empresas como a Natura afirmam utilizar para promover riqueza social no sistema que rege a maior parte do globo: o capitalismo consciente.

Será a solução? O que ele é?

A proposta visa transformar o sistema de cima para baixo. Assim, mudar a mentalidade daqueles que são as "elites", donos de negócios e líderes sociais para desenvolver toda a população. Como se fosse capacitar esses atuantes para guiar todos a um caminho de prosperidade comum.

O problema fico no "como". Qual a maneira de transformar a geração de riqueza no sistema capitalista uma forma de desenvolver todos igualitariamente?

O debate não entra muito no aspecto liberal ou não. Essa vertente não se preocupa muito com o sistema, mas com a consciência de cada indivíduo atuante nele. Deseja transformar a visão voltada para o lucro (sem ignorá-lo) para uma visão voltada para a sociedade.

Em termos práticos, seria como reduzir as taxas de lucro e os cortes com despesas pessoais na medida em que garante a sustentabilidade empresarial. Mas será que não fica muito utópico e pouco concreto?

Veja, o acúmulo de lucro é uma forma de garantir a competição também. Empresas com grandes reservas podem adquirir empresas menores, promover campanhas publicitárias maiores, segurar preço baixos para quebrar concorrentes, atrair investidores para si e outras coisas do estilo "o que o dinheiro compra".

Assim sendo, o equilíbrio proposto entre sustentabilidade e bons salários e condições para os empregados sempre possuirá um viés porque os bons salários estão atreladas a sustentabilidade e o contrário não. E a sustentabilidade não é garantida, pois agentes no sistema (grandes empresas já existentes) podem usar recursos para inviabilizar esse caminho.

Partindo dessa problemática, o foco na mudança "de cima para baixo" teria que partir mesmo influenciando as multinacionais. Bem de cima!
Mas vendo as disputas como Burguer King e Mc Donald's, Seara e Sadia/Perdigão, Microsoft e Apple e tantas outras, acho complicado haver mobilização suficiente para reduzir o acúmulo de lucro, ou seja, o poder in cash dessas corporações.

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