domingo, 9 de agosto de 2015

Setor Elétrico (de Energia) e Governo Federal: quem paga a conta dessa aliança?


A conta de energia subiu (e muito) neste ano.
O pior é que não deve parar de subir não. A inflação ainda deve ser puxada pelo setor até o final deste ano. O governo federal ainda lançará o Plano de Investimentos em Energia Elétrica (PIEE) para apoiar obras de infraestrutura no setor.

A medida já obteve críticas por ser pouco prática, sem inovação e não trazer soluções imediatas. Porém, a medida é mais um plano do governo para conquistar os empresários do setor a realizarem investimentos após uma onda de desentendimento entre as partes sobre os custos altos do serviço no país por intervenção estatal. Ao consumidor, não trará quase que nenhum efeito.

Aliás, a união entre os empresários e o governo federal nesta área pode acarretar em quê?



Como aconteceu/acontece em alguns setores de serviço, como o de transportes, os empresários do ramo estão descontentes com os custos crescentes enquanto o preço é controlado pelo governo. Negociações foram feitas entre as partes, um plano específico ao setor elétrico foi lançado em 2012, mas falhou. Fato é que o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), órgão do governo, regulou muito ao passo em que os investidores foram ficando descontentes.

Quem relata um pouco do caso, numa visão muito crítica, é Elio Gaspari, colunista da Folha de S. Paulo, que escreveu "Sem faxina, Dilma arruinará o país" hoje de madrugada. Confira a coluna completa, aqui.

Abaixo um trecho relativo as contas de luz:

"UMA PEDALADA NAS CONTAS DE LUZ

Vem aí uma nova pedalada, daquelas que passam despercebidas porque são complicadas e tornam-se simples quando aparecem como tungas. Cozinha-se uma pedalada elétrica que se materializará nas contas de luz dos próximos anos. Trata-se de jogar nos consumidores um espeto de R$ 20 bilhões que as empresas geradoras de energia hidrelétrica perderam por terem sido levadas a contratar serviços de usinas térmicas.

No Brasil criou-se um sistema maluco. Um órgão da burocracia do Estado, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), diz às geradoras quanta energia devem oferecer. As empresas não têm assento nesse comitê e só lhes resta obedecer. Se há chuva, há água e tudo vai bem. Se faltam chuvas, elas devem comprar energia mais cara às térmicas. Fazendo isso aumentam seus custos.

As empresas sustentam que compraram energia térmica porque o CMSE obrigou-as a operar numa situação financeiramente insustentável. A brincadeira teria custado uns R$ 20 bilhões. De algum lugar esse dinheiro deverá sair. Diversas geradoras conseguiram liminares na Justiça reconhecendo-lhes o direito de não pagar essa fatura.

Criada a encrenca, o governo e as elétricas poderiam expô-la publicamente, pois alguém terá que micar com pelo menos R$ 20 bilhões. Como ensina o bilionário Warren Buffett, quando você não sabe quem vai micar, procure um espelho. Cozinha-se em Brasília um jabuti para ser incluído na Medida Provisória 675. Ele dará às operadoras o direito de repassar a conta para as tarifas nos próximos anos.

Assim, a conta de luz ficou mais cara porque não choveu. Quando chover, continuará cara porque pedalaram nas contas."

Ao que parece, o consumidor não ganhará novamente em mais uma aproximação do governo com empresários. Resta saber se os investimento de infraestrutura no setor poderão baixar os custos e estabilizar o preço da conta de energia para os próximos anos.

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