sexta-feira, 7 de agosto de 2015

"Panelaço": tumulto ou protesto?

Um pão e circo mascarado ou uma revolta legítima?

Os "panelaços" ocorrem frequentemente e em várias capitais do país. O povo está indignado com as taxas altas de inflação, a corrupção e a má vontade de alguns dos nossos políticos a tratar do caso. Aliás, direcionaram toda essa fúria para atual administração, a qual está envolvida na Operação Lava Jato e outros escândalos, e buscam demonstrar o quanto querem mudanças.

Mas será que é isso tudo mesmo? Há politização neste movimento ou tumulto/ruído é o que mais ocorre?
Primeiro, protestos da população devem sempre ser ouvidos. O "panelaço" é uma forma diferente que os brasileiros arrumaram de protestar contra o governo. Mas é o modo mais adequado para reivindicar pautas do povo?

Bem, ficar na varanda batendo panelas não nos parece mudar muita coisa.
Aliás, muitos vão pela festa. Já comentamos sobre nossa democracia frágil (veja aqui). O povo ainda está aprendendo a conviver na democracia e a se politizar. O brasileiro ainda é muito iniciante nesse processo.

Na Argentina, milhares de pessoas foram as ruas para mostrarem sua indignação contra a administração dos Kirchner. Claro que também devem haver pessoas que estão "sem causa" no meio da multidão, mas no nosso país vizinho protestar indo às ruas é costume de décadas.

Na Ucrânia pessoas vão as ruas protestarem contra a opressão sofrida pelos Russos.
Mesmo que o resultado tenha sido radical (o que somos altamente contra), como extinguir partidos de esquerda, eles estavam em prol de uma causa definida e se mobilizaram com placas nas calçadas da cidade.

Na Grécia há pessoas protestando nas ruas. 
Durante a pior fase da crise no continente europeu, milhares de espanhóis pediam socorro reunidos nas praças do país. Nos Estados Unidos, a ala Tea Party (da qual discordamos muito em ideologia), conseguiu levar os americanos para as ruas e formaram uma bancada mais conservadora nesta última eleição. 

Mesmo com diferenças culturais, ideológicas e de cenário, os casos acima demonstram uma coisa: reunir pessoas nas ruas em busca de um propósito claro e definido traz resultados.

Os protestos que tivemos em 2014 aqui são mais impactantes. Pessoas iam as ruas com cartazes citando PEC's ou reivindicações gerais.  Bater panelas enquanto se é transmitido uma propaganda de legenda na televisão não nos parece estar a essa altura.

Falta força, falta causa, falta conhecimento histórico e político.
O melhor que você tem para solucionar os problemas do país é pedir impeachment ou fazer barulho com utensílios domésticos para tentar mostrar ser politizado aos companheiros de vizinhança?

Pense mais!
Não estamos querendo desmerecer o protesto. Acreditamos na força popular para pressionar os políticos. Porém, pressionar o congresso que está fazendo o que quer visando os seus interesses (confira nossa crítica, aqui). Pressionar a administração pública da sua cidade pelas obras não concluídas ou desvio de verbas. Propor pautas baseadas em dados do cenário brasileiro e internacional. Buscar conhecer a agenda política nas suas instâncias federais, estaduais e municipais e promover debates populares.

Precisamos de reivindicações nobres, justas, com propósito e argumentação racional, não rebeldias sem causa própria.

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